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Crônica de Natal


Revisitando minha "crônica" natalina para "ilustrar" a foto em que apareço ao lado de Taciana Oliveira Bernal, minha irmã querida, nos longínquos 60.


Quando garoto, bem garoto mesmo, devia ter no máximo uns 5/6 anos, passávamos os Natais na roça, na fazenda de meu avô Oliveiro. Assim como hoje em dia, os presentes ficavam esparramados ao redor da árvore natalina aguardando o toque de meia-noite do suntuoso relógio de parede. No entanto, eram outros tempos, os costumes eram diferentes. As crianças eram postas nas camas até às 21 horas. Sem sono, esperávamos o mesmo chegar nas aveludadas vozes de nossas mães contando fábulas, sentadas à beira de nossas camas. Talvez por isso, nunca aguentava esperar (ficar acordado) o "grande momento" dos abraços e troca de presentes. Meus irmãos e eu, íamos para cama tranquilos, pois sabíamos que ao acordar, os presentes colocados pelo próprio Papai Nobel estariam embaixo de nossas camas.


Pois bem, num desses Natais, imagino que por volta de 1h/2h da madrugada, muito "sonado", mas ainda assim ligado na data especial, estiquei o corpo até a beirada da cama, passeei o meu braço pelo chão e senti os pacotes de presentes. Despertei! Não para abrir os embrulhos e sim, para correr até a janela (que minha mãe deixava propositadamente aberta) na esperança de ver algum sinal de Papai Noel, afinal de contas, ainda era noite, ele devia ter passado por ali minutos antes. Ele não estava, mas dei-me por satisfeito em ficar pendurado na janela admirando os rastros (estrelas) deixados pelo seu trenó no céu de brigadeiro. Mesmo ouvindo os brindes e conversas dos adultos ainda festando na sala, não arredei da janela, sonhando com a jornada do bom velhinho.


No meio de meu devaneio, algum adulto foi até a vitrola e colocou a música "Joseph", interpretada por Georges Moustaki, a qual nunca esqueci. Tanto que, anos mais tarde, num show de Rita Lee, os amigos do agora jovem garoto, não entenderam nada quando depois de caras, bocas e solos de guitarras imaginárias em "Agora só falta você", o jovem começa a chorar copiosamente quando Rita Lee começa a cantar a sua bela versão : "olha o que foi meu bom José se apaixonar pela donzela, dentre todas a mais bela de toda a sua Galileia..."

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