Os livros abertos sobre as carteiras escolares esperavam os comandos da professora. Então, ela disse: "Rubens Mauro, leia o primeiro parágrafo." Neste momento, meu coração desacelerou e respirei aliviado, pois estava sentado do lado oposto da sala e, pelo número de parágrafos contidos no texto, pude verificar que não participaria da leitura em voz alta.
Essa era uma cena comum, em meus tempos de aluno, nos anos 70. Nessa ocasião tive sorte, mas nem sempre conseguia escapar; nos momentos que antecediam a leitura, me sentia como o menino Pedro, o protagonista do livro sobre o qual escrevo esta resenha.
"Pedro era um garoto bem bacana... mas vivia com medo e não era um medo mixuruca, de Saci ou da Cuca". "Pedro vivia com medo, mas era medo de errar." Os dias passavam-se assim; Pedro sozinho num medo sem fim... "Quando os amigos chamavam Pedro para jogar futebol ou queimada, ele preferia ficar sentado assistindo desenho animado." Até que numa certa noite, "Pedro adormeceu e, de repente, no sonho, uma fada apareceu!"
"O menino que tinha medo de errar", de Andrea Viviana Taubman, com sua narrativa sensível e bem humorada, oferecer às crianças a oportunidade da representação das experiências emocionais, criando condições para que elas possam ser pensadas. Durante a leitura, o pequeno leitor logo se identifica com o dilema do protagonista, que, em maior ou menor intensidade, mostra-se corriqueiro para as crianças dos tempos atuais, porém, identificando-se com Pedro, esse leitor sente-se acolhido: "A fada abraçou Pedro e falou com voz macia: - Pedro, agora você já sabe que medo de errar é bobagem e não combina com alegria!" E depois desse dia, a vida de Pedro se transformou.
O MENINO QUE TINHA MEDO DE ERRAR
Andrea Viviana Taubman (texto) e Camila Carrossine (ilustrações)
Editora Zit
40 páginas
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